quarta-feira, 2 de maio de 2012

ISTO É IMORAL!


Após todos os textos publicado até aqui no blog, a conclusão que se pretende demonstrar é que o controle realizado pelo governo da Coréia do Norte é imoral. A ditadura norte-coreana imposta aos seus cidadãos fere os Direitos Humanos, principalmente em relação às liberdades individuais.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos*, proclamada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, tem como “ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição”.

O regime imposto pelo governo norte-coreano é considerado imoral pela ONU, tanto que em 2005 o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos reconheceu com um relatório oficial as violações generalizadas dos direitos humanos que ocorrem regularmente na Coreia do Norte. (O texto do relatório traduzido em português pode ser visto no link: http://human-pixels.blogspot.com.br/2009/09/tes.html)

Entre as violações mencionadas vale destacar tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, castigos e execuções públicas; existência de um grande número de campos de prisioneiros e a ampla utilização do trabalho forçado; proibição ao acesso de todos à informação e contínuas violações aos direitos humanos e liberdades fundamentais das mulheres.

Os norte-coreanos também não possuem liberdade de circulação, liberdade de culto e liberdade de expressão. Por mais que se argumente que muitas das pessoas realmente gostam e apoiam seu regime, e possuam sim uma admiração pelo grande líder, não podemos considerar moral o regime norte-coreano, que praticamente venda seus cidadãos das verdades e de escolhas e utiliza seus cidadãos como marionetes para fortificar o regime político do país.

* A Declaração Universal dos Direitos Humanos completa pode ser vista no link: http://www.oas.org/dil/port/1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20dos%20Direitos%20Humanos.pdf)

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Choro Real?


Um episódio recente reascendeu a discussão do polêmico controle de informações realizado pelo governo norte-coreano. Após a morte do líder Kim Jong-il, em dezembro de 2011, foram divulgadas pela mídia estatal da Coreia do Norte imagens da população chorando a morte do grande líder.

A discussão se deu em torno da veracidade do choro da população. Muitas pessoas logo afirmaram que o choro de muitos que aparecem nos vídeos seria forçado, com teorias de que talvez fossem cenas combinadas para mostrar como o líder era adorado, ou apenas cidadãos chorando por o medo de represálias do governo. Assista aos vídeos e julgue você mesmo se o choro foi real ou não. 




Ninguém Sai!

Um dos principais pontos polêmicos do regime norte-coreano é o fato da população não poder viajar para outros países e também encontrar muitas barreiras para circular dentro do próprio território nacional – contribuem para isso o fato da maioria da população ter salários baixos e não possuir automóveis.

Sair do país só para estudar ou trabalhar e com uma autorização especial concedida pelo governo, o que é raríssimo de ocorrer. Assim, fica claro que a liberdade de circulação dos norte-coreanos é totalmente afetada.

Neste cenário, não são raros os casos de pessoas que tentam fugir do país, principalmente para a vizinha China, e desses alguns depois atestam perseguição religiosa.

Torcida contratada

Outro episódio inusitado do controle da Coreia do Norte aconteceu na Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul. A seleção norte-coreana, que jogou contra o Brasil na primeira fase do torneio, teoricamente teria que atuar sem torcida, devido ao fato da ditadura do país não permitir que seus habitantes deixem o território.

Mas o governo norte-coreano arrumou um jeito para contornar a situação: contrataram cerca de mil torcedores chineses distribuindo os ingressos recebidos gratuitamente pela FIFA em Pequim. Outro fato curioso é que a população não pode acompanhar ao vivo os jogos de sua seleção, que participava pela segunda vez de um mundial de futebol. As transmissões dos jogos ao vivo foram proibidas, e os confrontos foram apenas mostrados no dia seguinte.

Torcida contratada para torcer nos jogos da Copa do Mundo 2010

Internet aqui não!

A infraestrutura de comunicação na Coreia do Norte é extramente limitada, é isso contribui de forma decisiva para o controle exercido pelo governo local. O país do mundo é o único do mundo onde o acesso a internet é inteiramente proibido. Apenas poucas pessoas da elite governamental possuem acesso a internet mas de baixa velocidade.

Telefones praticamente não servem de nada no país. São poucas pessoas que possuem telefones fixos e principalmente celulares, sendo que os norte-coreanos não podem fazer ligações para outros países.

Com essa infraestrutura de comunicação limitada muitos colocam como praticamente impossível acontecer algo semelhante a "Primavera Árabe", onda revolucionárias e de protestos que se tornaram frequentes nos países do Oriente Médio que sofriam em um regime ditatorial. Sem formas de se comunicar fica difícil organizar manifestos e a repressão do governos é facilitada.

Controle de Informação


O controle realizado pelo governo da Coréia do Norte das informações, tanto das que chegam quanto das que saem do país, é extremamente rígido. Em 2008, o “Repórteres sem Fronteiras”, organização não governamental internacional cujo objetivo declarado é defender a liberdade de imprensa no mundo, classificou o ambiente de mídia da Coréia do Norte como segundo pior do mundo (posição 172º no ranking de 173 países), atrás apenas da Eritreia, pequeno país africano.

A mídia norte-coreana apoia o culto à personalidade do grande líder, até dezembro Kim Jong-il (que faleceu em dezembro de 20110, e agora de seu filho, relatando as atividades diárias. Apenas notícias que favoreçam o regime são permitidas, enquanto notícias que cubram as mazelas do país, como problemas políticos e econômicos, ou que critiquem o regime, não são permitidas.  O principal fornecedor de notícias à mídia na RDPC é a Agência Central de Notícias da Coreia. Todos jornais e revistas são publicados em Pyongyang, capital do país.

Este controle de informações do regime norte-coreano é favorecido principalmente devido a infraestrutura de comunicação extramente limitada do país (entenda essa limitação sendo proposital) . A infraestrutura de comunicação norte-coreana será apresentada no próximo post.

Não Conta Lá em Casa

Além do SBT, outro programa brasileiro recentemente conseguiu produzir uma reportagem com filmagens dentro da Coeria do Norte. O programa "Não Conta Lá em Casa", do canal fechado Multishow, mostrou de perto a ditadura norte-coreana em 2011 com quatro episódios.

Os dois primeiros episódios mostram a burocracia para a entrada do grupo na Coreia do Norte. Uma das partes mais interessantes é a que mostram o manual que recebem com instruções de como se comportar e não fazer no país, que inclui sempre agir de acordo com o que o guia que acompanha deixar e não entrar em território norte-coreano com nada que faça alusão a Coreia do Sul ou aos EUA.

Os episódios podem ser vistos pelos links: http://www.youtube.com/watch?v=BQeoW756SA4&feature=relmfu e http://www.youtube.com/watch?v=BhuuKz4UMv0&feature=relmfu

O terceiro e o quarto episódio mostram a realidade do país e como o "tour" da equipe é sempre guiado pelos guias norte-coreanos. Uma parte interessante é quando mostram o atraso tecnológico do país e as histórias que o grande líder seria o responsável por ter inventado praticamente todas as coisas. ( de 0:35 a 3:20 min do vídeo abaixo). O restante do vídeo mostra também como a comunicação é limitada, com celulares que praticamente não servem para nada e aparelhos de TV que só pegam canais do regime comunista.


Ja no vídeo abaixo um pouco do festival Arirang. O espetáculo, com uma grandiosidade típica do regime totalitários, mostra a força do coletivo sobre o individual e serve como propaganda do regime comunista norte-coreano.


Conclusões sobre a reportagem do SBT


Inicialmente, entrar na Coreia do Norte é algo extremamente difícil e só é possível atravessar a fronteira pela China, por trem com viagem de aproximadamente vinte e três horas, ou com dois voos semanais que também partem do país vizinho. A maioria dos tripulantes desses voos são diplomatas e funcionários de organizações de ajuda humanitária.

Conseguir visto para a Coréia do Norte requer uma negociação árdua e quando se consegue desembarcar no país, uma prática comum do governo é a de reter os documentos e passaportes dos visitantes para serem devolvidos somente no dia da saída. Guias acompanham todos os movimentos dos turistas que, aliás, só podem frequentar os lugares determinados pelo governo e é proibido visitar uma residência ou conversar com um cidadão comum. Para um melhor controle, os guias ficam hospedados no mesmo hotel dos turistas.

Um fato interessante é que no hotel, os estrangeiros puderam contar com TV a cabo, algo proibido à população que tem acesso à apenas três canais estatais. Os livros que existem no país são quase todos escritos pelo ditador Kim Il Song, falecido em 1994, mas que é tratado quase como um Deus. Seu filho mais velho, Kim Jong-Il, assumiu o poder e ocupava todas páginas dos jornais locais em que as notícias só faziam enaltecer o governo. Os filmes produzidos naquele país, também eram cheios de pura propaganda ideológica com forte conteúdo moral.

Em Pyongyang, capital e maior cidade do país, com arquitetura influenciada pelo modelo soviético, é comum de se ver no topo dos edifícios, mensagens de incentivo ao regime e uma cidade vazia com poucos veículos circulando, todos do governo e só cedidos ao alto escalão do PTC (partido dos trabalhadores coreanos). Há também na cidade, muitos monumentos referentes à revolução comunista, sempre claro com a figura do Grande Líder Kim Il Song, um dos vário nomes dados a ele que é considerado como : Sol Eterno,Pai da Nação, Estrela da Coréia, Líder Máximo e tantos outros nomes que são associados a uma pessoa que tanto para o governo, tanto para a população, é visto como um ser onipresente e onisciente.

Existe no país uma festa popular chamada de Arirang que acontece três em três anos em que consiste num festival com alto teor político e mostra toda a disciplina do povo norte-coreano. É nessa época que a concessão de vistos fica mais flexível , porém como essa festa é realizado em um estádio, repórteres são destinados a um setor específico para serem melhor controlados. Nessa festa os trabalhadores ganham cinco dias de folga e podem levar a família. O ódio aos Estados Unidos é presente no festival, pois a presença do exército também nas apresentações tentam mostrar a todos a força, a disciplina e a devoção ao Eterno Presidente.

Quando se consegue falar com algum cidadão norte-coreano, percebe- se que se trata de alguém escolhido pelo governo e que obviamente só fará elogios ao regime. Isso nos mostra que, como os habitantes não têm acesso às notícias do resto do mundo, tudo que leem, ouvem ou veem, são desde muito cedo associadas ao Pai da Nação, Kim Il Song.